Reportagem
Vanessa Kannenberg, Marcelo Kervalt e Raquel Fronza
Imagens
Anderson Fetter, Felipe Nyland e Tadeu Vilani
Design
Henrique Monteiro
Edição
Rafael Balsemão

Um final de ano com dois feriadões de quatro dias. Mesmo com previsão de chuva, é para o Litoral que devem seguir milhares de gaúchos a partir de hoje, antevéspera do Natal. Para verificar a situação das principais rodovias que levam à orla, ZH e Pioneiro percorreram 650 quilômetros na última sexta-feira.

O teste foi feito em cinco rodovias estaduais — ERS-040 (Viamão-Pinhal), ERS-389 (Estrada do Mar), ERS-407 (Morro Alto-Capão da Canoa), ERS-030 (Gravataí-Tramandaí), RSC-453 (Rota do Sol) — e duas federais — BR-101 e BR-290 (freeway).

Os motoristas vão encontrar as estradas em melhores condições do que no verão passado. Na Rota do Sol, as crateras que costumavam acompanhar quem descia da Serra em direção ao Litoral deram espaço ao asfalto recém-aplicado, com boa trafegabilidade. Na altura de Aratinga, um trecho de menos de um quilômetro, entretanto, tem pelo menos 30 buracos.

Mais movimentada rodovia das analisadas, a freeway ganhou uma quarta faixa definitiva, o que deve aliviar o congestionamento. No entanto, mesmo cobrando R$ 25,20 para ir e voltar, a concessionária não proporciona uma viagem sem contratempos. Algumas imperfeições no asfalto e a falta de equipamentos de segurança, como guard-rails, são percebidas em trechos da via.

Entre as sete estradas avaliadas, a ERS-030 é a pior delas. Alternativa para quem não quer pagar os pedágios da freeway, a rodovia (cuja concessão foi encerrada há dois anos) carece de manutenção, seja nas placas escondidas pela vegetação, seja na pintura das pistas, seja nos buracos — alguns com mais de um palmo de profundidade.

Trecho: km 145 da RSC-453 (Caxias do Sul) ao km 52 da ERS-486 (Curumim)

Extensão: 163 quilômetros

Avaliação: as crateras que costumavam ocupar a Rota do Sol em outros veraneios deram espaço ao asfalto recém-aplicado, com boa trafegabilidade. O trecho de Caxias do Sul até Lajeado Grande passou por obras neste ano e está em perfeitas condições. É necessário cautela, no entanto, no km 1 da ERS-486, em Aratinga, próximo do acesso ao Canyon Josafaz. Em menos de um quilômetro, há pelo menos 30 buracos. O trecho também não tem faixas pintadas. O problema de falta de sinalização também é identificado no km 240 da RSC-453, em Tainhas. Ali, no entanto, não aparecem buracos. Graças ao asfalto novo, a rodovia se consolida como boa opção no trajeto Serra/Litoral. Ligar os faróis torna-se indispensável na passagem do primeiro túnel em direção à BR-101, já que a iluminação é precária. O problema não afeta o segundo túnel. As curvas acentuadas na localidade de Várzea do Cedro, em São Francisco de Paula, também pedem atenção.

Ponto crítico da rodovia: km 01, em Aratinga

Contraponto

O Crema Serra recapeou os 53 quilômetros entre Caxias do Sul e Lajeado Grande. O trecho mais prejudicado passará por uma operação tapa-buraco com asfalto pré-misturado a frio nesta semana. A sinalização horizontal também será refeita nos próximos dias, garante o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).

Trecho: km 0 (Torres) ao km 88 (Osório)

Extensão: 88 quilômetros

Avaliação: o trecho gaúcho da BR-101, entre Osório e Torres, apresenta asfalto e sinalização em boas condições até Terra de Areia. No entanto, a partir do km 46, aumenta a incidência de remendos e surgem até buracos na rodovia. Há pontos onde a sinalização pintada sobre o asfalto desapareceu, como no km 42. Além disso, o asfalto antes e depois de algumas pontes, como a do km 40, cedeu. Os motoristas devem ficar atentos aos solavancos nesses pontos.

Ponto crítico da rodovia: km 32, em Três Cachoeiras

Contraponto

Procurado pela reportagem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não enviou contraponto esclarecendo os problemas encontrados na BR-101.

Trecho: km 0 (Osório) ao km 89 (Torres)

Extensão: 89 quilômetros

Avaliação: ao longo de toda a rodovia, entre Osório e Torres, são encontradas placas de sinalização apagadas, estragadas e encobertas pela vegetação. A inexistência de guard-rails na lateral direita, principalmente onde há açudes e árvores às margens da rodovia, oferece riscos aos motoristas em caso de saída de pista. Também não há acostamento.

Ponto crítico da rodovia: km 89, em Torres

Contraponto

Conforme o Daer, até o final do ano será iniciada a roçada (corte da vegetação) nas margens da rodovia. O órgão informa que está retirando algumas árvores próximas da pista que causam interferência na sinalização e danos ao pavimento. As placas verticais e defensas (guard-rails) danificadas serão corrigidas, conforme o Daer. Os buracos e irregularidades também serão tapados, e a sinalização horizontal deverá ser reposta após a aquisição de tintas. O Daer não estimou uma data para a realização dos trabalhos. Sobre a falta de acostamento, a autarquia explica que é uma falha na concepção da rodovia.

Trecho: km 0 (Morro Alto) ao km 21 (Capão da Canoa)

Extensão: 21 quilômetros

Avaliação: embora seja toda de pista simples, a rodovia é uma ótima alternativa para os motoristas que se dirigem a Capão da Canoa pela BR-101. Os primeiros 10 quilômetros, entre a rodovia federal e a Estrada do Mar, estão bem sinalizados, com exceção de uma faixa de pedestres em frente a uma escola (próximo ao km 2) e de algumas placas malconservadas. O asfalto está bem preservado. O grande problema da estrada é que praticamente não há acostamento – se existe, é preciso descer um degrau que está sob a vegetação. A partir do trevo de acesso a Capão da Canoa até o centro da cidade, a rodovia apresenta buracos e sinalização desgastada, o que exige redução de velocidade.

Ponto crítico da rodovia: km 03, em Morro Alto

Contraponto

O Daer diz que está prevista, com início imediato, a roçada mecanizada. As placas desgastadas estão sendo repostas dentro das possibilidades de produção da Superintendência Regional de Osório. O trecho urbano da rodovia em Capão da Canoa está em processo de municipalização. Neste ponto, a ERS-407 deve ser duplicada, e um viaduto será construído no entroncamento com a Estrada do Mar. A prefeitura de Capão da Canoa não se manifestou sobre a manutenção do trecho.

Trecho: km 0 (Osório) ao km 96 (Porto Alegre)

Extensão: 96 quilômetros

Avaliação: quem sai de Porto Alegre em direção ao Litoral Norte deve ficar atento às obras da nova ponte do Guaíba, que chega a invadir uma das pistas e o acostamento da freeway no km 96. Embora seja uma rodovia com dois pedágios entre a Capital e Osório, há imperfeições na pista, como desníveis, ranhuras, ondulações e remendos no asfalto. Esses problemas se intensificam entre os quilômetros 26 e 20. Em muitos trechos não existem guard-rails na lateral direita da pista, como no km 88, onde a rodovia é margeada por um barranco de aproximadamente um metro de altura. No km 74 também não há área de escape nem proteção lateral. Ali, uma saída de pista resultaria em uma colisão em árvores. Por outro lado, a quarta faixa da freeway, entre Porto Alegre e Gravataí, está concluída.

Ponto crítico da rodovia: km 22, em Santo Antônio da Patrulha

Contraponto

Em função das obras da nova ponte do Guaíba, uma faixa da freeway tem ficado bloqueada de segunda a sábado, das 9h às 16h, no sentido Capital-Litoral. Havendo necessidade, a liberação do trecho pode ser antecipada. A Concepa destaca que a Pesquisa CNT de Rodovias 2015 avaliou a freeway como “ótima”. No entanto, a reportagem de ZH, levando em conta as imperfeições na pista, considera o pavimento “bom”. Conforme a Concepa, está sendo realizada a revitalização da pavimentação entre Gravataí e Osório. A concessionária explica também que toda a rodovia segue rigorosamente as normas vigentes.

Trecho: km 0 (Gravataí) ao km 98 (Tramandaí)

Extensão: 98 quilômetros

Avaliação: utilizada por parte dos motoristas para evitar os pedágios da freeway (que somam R$ 25,20, ida e volta), é a pior rodovia que vai ao Litoral Norte. Há dois anos, a concessão à Metrovias foi encerrada. Carente de manutenção, o trecho inicial é marcado pelo grande número de buracos. Somente entre os km 22 e 48, são mais de 15 – um deles com mais de um palmo de profundidade. Há acostamento apenas em parte da rodovia, e em muitos trechos ele é bastante esburacado, sendo quase inviável utilizá-lo. Chama a atenção ainda o número de placas encobertas pela vegetação, algumas de grande importância, como avisos de curva perigosa, e o desgaste de marcações na pista, como o limite de velocidade ilegível em frente a escolas, nos kms 76 e 79. Toda a extensão da estrada é de pista simples, e, mesmo com curvas e subidas, não existem terceiras faixas.


Ponto crítico da Rodovia: km 76, em Osório

Contraponto

O Daer informa que realiza periodicamente os serviços de manutenção do asfalto da ERS-030, assim como a patrolagem dos acostamentos. No momento, a autarquia depende da liberação de recursos para que a empresa contratada para conservar a rodovia intensifique os serviços de roçada da vegetação. O Daer afirma estar providenciando operações tapa-buracos. Existem obras no acostamento de implantação de fibra ótica e da drenagem urbana pela prefeitura de Osório. A lombada eletrônica próxima à Escola de Ensino Fundamental 16 de Dezembro foi reposta por meio de contrato novo. As placas serão recuperadas periodicamente, conforme a disponibilidade de recursos.

Trecho: km 0 (Viamão) ao km 95 (Balneário Pinhal)

Extensão: 95 quilômetros

Avaliação: os primeiros 10 quilômetros da rodovia, que não são concedidos, passam pelo perímetro urbano de Viamão. Mesmo duplicado, além de congestionamento, o trecho tem muitos buracos, remendos malfeitos e precária sinalização das faixas. A partir do km 11, a rodovia passa a ser de responsabilidade da Empresa Gaúcha de Rodovias (o pedágio de R$ 5,20 fica no km 19, em Viamão), e a pavimentação melhora. No entanto, entre os kms 11 e 29, a criação de uma faixa adicional nos dois sentidos complica o tráfego: o acostamento foi extinto, e os caminhões são proibidos de trafegar na pista da direita (por ter camada asfáltica mais fina), o que nem sempre é respeitado, obrigando os carros a ultrapassar pela direita. O resto da rodovia é todo de pista simples. Do km 30 ao km 33, o largo acostamento confunde o motorista, pois se assemelha a uma faixa adicional – ainda assim, é proibido trafegar por ali. Entre os kms 44 e 79, há trechos com remendos descascados e trepidações. A última parte da rodovia está melhor conservada, mas o veranista pode enfrentar problemas com a invasão das dunas sobre a via, consequência do vento Nordestão. Quando isso acontece, passa apenas um veículo por vez nos dois sentidos.

Ponto crítico: km 18, em Viamão

Contrapontos:

Responsável pelo trecho até o km 10, o Daer diz que iniciou na semana passada a revitalização da sinalização horizontal do trecho sob sua responsabilidade. A previsão é de que os serviços sejam concluídos nesta semana.

Diretor técnico da EGR (responsável a partir do km 11), Milton Cypel afirma que a subtração do acostamento acontece com “boa parte da malha rodoviária estadual” quando há "aumento de fluidez no tráfego". Diz ainda que os caminhões precisam andar na pista principal desse subtrecho por questões de segurança aos pedestres e ciclistas que circulam na beira da rodovia, pois a prefeitura de Viamão permitiu a urbanização sem realizar obras de mobilidade. A EGR iniciou a execução de mais de 60 paradas, e 10 estão prontas. As demais devem estar concluídas até março. Depois do km 30 da rodovia, há acostamento mais largo. "Se o espaço está sendo usado para tráfego de veículos, é dever do Comando Rodoviário policiar", diz Cypel. Quanto aos subtrechos com asfalto descascado, a EGR afirma estar trabalhando neles desde o início de novembro. Quanto à areia que vai para o asfalto, a EGR tem uma equipe que a transfere para a lateral, mas não é permitida a remoção devido à legislação ambiental. Na temporada de verão, a EGR promete intensificar o monitoramento dessa atividade.

OS GARGALOS DO TRECHO CATARINENSE DA BR-101

A tranqueira em Laguna ficou no passado com a construção do novo cartão postal da cidade. A ponte estaiada, inaugurada em julho deste ano, acabou com um dos principais gargalos do trecho catarinense da BR-101. Contudo, ainda há problemas a serem enfrentados na principal rodovia de ligação entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina em direção às praias.


OS PONTOS CRÍTICOS

Morro do Formigão e Ponte Cavalcanti, em Tubarão
As obras complementares do Morro do Formigão, último gargalo da duplicação da BR-101 Sul, estão entrando na fase final. O Dnit trabalha para agilizar a construção da pista de ligação da saída do túnel até o trecho duplicado da rodovia, no sentido Norte/Sul. A conclusão está prevista para ocorrer entre abril e maio de 2016. A nova ponte, no sentido Sul/Norte, estava prevista para ser entregue em dezembro, mas alegados atrasos das obras por conta das chuvas e das licenças ambientais para a demolição da estrutura antiga adiaram o prazo para fevereiro de 2016. Para esta temporada, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) estuda usar o acostamento como uma terceira faixa reversível, para conseguir uma pista dupla em alguns momentos.

Morro dos Cavalos, em Palhoça
Conforme a PRF, o Morro dos Cavalos só se torna um gargalo quando há acidentes. A quarta faixa concluída no fim de 2014 ajudou a desafogar o fluxo, mas o trânsito tende a ficar lento nesses casos devido à ausência de acostamentos. Há um projeto para construção de um túnel duplo, um viaduto duplo e obras de contenção, mas ainda não houve licitação e nem há data confirmada para que ela aconteça. O investimento seria de aproximadamente R$ 650 milhões. Em junho deste ano, o projeto ficou de fora do programa de concessão da BR-101 Sul, anunciado pela presidente Dilma Rousseff (PT).

  1. VERÃO
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